6 de out. de 2015

Lembranças incompletas

Era uma tarde quente de inverno, a luz do sol entrava no quarto dela e deixava os lençóis quentes, mas o vento que adentrava deixava cada pelo do seu corpo arrepiado. Tom passou a mão em seus braços ouriçados e mais pelos se levantaram. Ela sabia que era ele que a deixava daquele modo, seu corpo tremia com o toque dele e seu coração acelerou quanto ele tocou seus lábios em sua barriga. Não era a primeira vez que era tomada dessas sensações, mas havia tempo que não sentia. Não era só desejo, tampouco só amor. Era um misto de sentimentos que ela havia enterrado anos antes com a mesma pessoa que agora olhava para ela tão fixamente. Milly não pode deixar de sorrir para ele, seus lábios entreabertos exalavam uma respiração quente e espaçada sobre ela.

Os dedos de Tom percorreram o corpo dela até o rosto e novamente até a barriga, como se não pudesse acreditar no que via. “É como se o tempo tivesse parado, como se nada tivesse mudado. É exatamente como se estivéssemos há dez anos atrás”. Suas palavras saíram picadas, como em um estado de êxtase. Milly sabia do que ele falava, sentia-se do mesmo modo. Estavam ali, deitados na cama como dois adolescentes, pareciam ainda em seus 16 anos. Doidos um pelo outro.

Quando Tom saiu pela porta, Milly fechou seus olhos, uma lágrima escorria pelo canto do rosto. Não era tristeza, não era felicidade, nem saudade. Era vontade de que aquele momento não tivesse acabado, de que ela não tivesse que fechar a porta para o seu passado e muito menos para o seu presente. Jogou-se na cama que ainda estava quente, com pequenas gotas de suor espalhadas pelo lençol. O cheiro de Tom ainda estava ali e por um tempo ela permaneceu com o rosto sufocado pelo colchão e pelo choro, até que absorveu todo o perfume do corpo dele para ela. Caiu no sono e as lembranças que até então estavam no passado, voltaram-lhe à mente.

Debruçada em uma grade, olhava as pessoas caminharem. Ouviu os passos dele aproximando-se e logo sentiu sua mão passar por sua cintura e lhe abraçar. Ficaram os dois ali, por minutos eternos, atentos à calçada cheia de pessoas. O rosto de Tom estava colado ao dela e ela sentiu que ele não observava o movimento, seus olhos estavam fixos nela. Quando se virou para ele, seus olhos encontraram-se, seus lábios muito próximos um do outro. Todo o barulho da rua sumiu. As pessoas lá embaixo pararam de caminhar. O relógio da igreja em frente parou naquele instante. O perfume de Tom inebriava o lugar. Não havia mais o vento esvoaçando seus cabelos. Seus olhos não piscaram mais, apenas fecharam-se durante a eternidade daquele beijo.

Devagar, Milly voltou a abrir os olhos, um sorriso esboçava em seu rosto. Escutou um telefone ao longe tocando e despertou para a realidade. Estava em seu quarto, a cama desfeita e o lençol emaranhado em seus braços. O perfume que sentira segundos antes e que dominava seus sentidos vinha dos seus próprios braços, que horas atrás abraçara Tom em desespero. A cortina na janela balançava, entrando e saindo do quarto, o barulho da rua voltou a aumentar e ela entendeu que os anos não tinham parado, que ali estava ela, 10 anos depois, arrependida de ter deixado ele ir.

Milly lembrou-se da conversa que tinha tido com Tom naquele mesmo dia. Fingiu, disse coisas que não vinham do seu coração. Engoliu tanto seus sentimentos, que se afogou neles. É muito fácil estar com alguém e não se envolver, com medo de se machucar. É fácil ver a pessoa com outra, quando o que você sente por ela é só um carinho e nada a mais. É fácil estar com uma pessoa sem obrigações nenhuma, se tudo não passa de desejos. Difícil é não se importar, é não se envolver, com uma pessoa por quem seu coração amoleceu antes de todas as desilusões da sua vida, uma pessoa com a qual você escreveu parte da sua história. É difícil fingir apenas desejo por quem você sente amor.

Sabia que não deveria ter deixado ele ir, que não deveria ter mentido sobre o que sentia ou sobre o que queria. A verdade é que queria que ele ficasse, que deixasse tudo para estar com ela, e só com ela. Mas não podia pedir a ele isso. Não era justo. E se talvez ele sentisse por ela o mesmo que ela sentia por ele, então, talvez, ele resolvesse sozinho ficar.

Racionalidade demais era o seu forte. Não queria destruir o que ele havia construído até ali enquanto tinham tomado rumos diferentes. As suas vidas tinham se cruzado em determinado momento e, embora tudo o que ela sentia tivesse sido verdadeiro, a separação também foi. Mas não é possível desamar alguém. O amor transforma-se em novos sentimentos. Carinho, respeito, lealdade e, às vezes, em mais amor. As pessoas mudam, amadurecem, tomam novas decisões. Milly estava consciente disso, e consciente de que não se podia esperar que largassem, de uma hora para a outra, toda as responsabilidades de uma vida.

Com esses pensamentos, voltou a chorar. Dessa vez a tristeza lhe partia o coração, não podia suportar a ideia de que o beijo dele estava longe, de que seus braços que a encobriam de abraços e talvez nunca mais voltassem a entrelaçá-la. As lágrimas eram tantas que a respiração lhe faltou e, por um instante, pensou que nunca mais o veria. A dor dessa ideia foi maior do que a de não o ter e com o susto engoliu as lágrimas e os sentimentos entalados. Esqueceu a racionalidade e, tomada pelo impulso do coração, ligou para Tom, mas lembrou-se que ele não poderia atender e desligou.

Estava de noite, mas o sono não vinha, sua cabeça cheia de lembranças incompletas, um tanto abstratas. Fazia tanto tempo, as memórias tinham se perdido. Lembrava-se dos abraços, dos beijos, das lágrimas e do dia que resolveu partir. Lembrava-se das risadas, do carinho, das brigas, mas não se lembrava de deixar de amá-lo. Sabia, naquela época, que não era a hora certa, que precisavam amadurecer para poderem ficarem juntos. Agora o tempo tinha passado e ainda não estavam juntos.

Tentando relembrar o passado, Milly foi atrás de suas coisas antigas. Encontrou cartas, fotos, bilhetes, desenhos... inúmeras recordações de Tom. Em um dos cadernos encontrou uma carta que não se lembrava de ter mandado, tampouco de ter escrito. Estava destinada a ele, a Tom. Já que hoje ela não conseguia falar a ele o que sentia, decidiu, então, que usaria seu passado para falar sobre o seu presente e seu futuro, porque a vida deles podia ter mudado, eles podiam ter se tornado outras pessoas, mas de uma coisa Milly tinha certeza, aquela carta representava o que ela tinha sentido por ele um dia, o que sentia naquele momento e o que para sempre sentiria. A relação pode desgastar, mas o verdadeiro amor nunca deixa de evoluir.

“São Paulo, 10 de fevereiro de 2007.

Querido,

Eu sei que fiz coisas erradas, talvez imperdoáveis. Sei que fui tola e insensível. Mas sei mais ainda que meu amor por você vai além de qualquer coisa nesse mundo.
Eu posso ter estado com outros, mas nenhum tem graça, pois nenhum tem o gosto do seu beijo; nenhum me abraça como você me abraça; nenhum é você. Nunca mais beijarei ninguém com o gosto e a vontade de que beijo você.
Sei que errei, mas é da minha natureza. Porém, nunca amei nenhum outro, porque para mim você é a vida, importante como o ar que eu respiro. Eu te amo e não importa quantos pessoas passarem na minha vida, eu sempre vou te amar. Para mim, não existe outro homem no mundo que não seja você. Eu só te peço que me perdoe e confie em mim.
Eu te amo e é para sempre. Nada do que você me diga, nem nenhuma outra pessoa, vai fazer isso mudar.

Te amo!”


O papel estava marcado com lágrimas que caiam enquanto escrevia. Milly colocou a carta dentro de um velho envelope e guardou no caderno. Sabia que não poderia entregar para Tom, não podia interferir na felicidade dele dessa forma, mas queria mostrar para si mesmo no futuro, que passe o tempo que passar, o sentimento dela por ele seria sempre renovado.

13 de mai. de 2015

Lembranças do seu fantasma

Era tarde da noite quando, subitamente, senti o cheiro dele no meu travesseiro, como se ele estivesse estado ali nos instantes anteriores. Fechei os olhos e sua imagem apareceu nitidamente na minha mente. Nem parecia que fazia meses que não nos víamos. Estava tudo tão fresco na minha mente e no meu coração. De repente me dei conta de que eu tinha me apaixonado.

Sentimento quase que desconhecido para mim. Há tempos não sabia o que era perder uma noite pensando em alguém, querendo saber como esse alguém está, quando nos veríamos novamente e imaginando futuros alternativos para nós dois. Embora seja gostoso me perder nos meus pensamentos e sonhar com alguém especial, não gosto das batidas que meu coração dá quando sinto saudades ou como ele fica apertado de saber que mais tarde pode ser machucado.

Lembrei-me da primeira vez que nos vimos, e a dor de sua ausência veio como facadas no meu estômago. Como era possível eu ter me deixado gostar de alguém que não estava mais presente na minha vida? Mas as lembranças daquele dia me mostravam a razão. Deitados sobre a grama, sentia seus dedos passando pelos meus braços e seus lábios tocando os meus. Não queria que aquele dia acabasse nunca. O tempo estava gostoso para uma tarde no parque, conversar sentados debaixo das árvores e nos conhecer melhor. O abraço dele era o mais aconchegante do mundo, queria mergulhar em seus braços e me afogar em seu peito. Seu sorriso era confortante, não conseguia parar um minuto sequer de olhar para ele, exceto quando me beijava e me deixava sem fôlego.

As memórias daquele dia eram as mais agradáveis para um primeiro encontro, pensar que eu ainda era capaz de amar alguém, que eu não tinha um coração feito de pedra. Com ele, meu coração batia acelerado, um misto de excitação e medo. Eu não entendia como era possível apaixonar-se por alguém tão depressa. Na verdade, parecia que eu o conhecia a minha vida inteira, como se os dias que passamos juntos tivessem sido meses, anos. Foram pelas conversas intermináveis que me apaixonei por ele, ou por como ele me fazia sentir viva. Também foram pelas palavras de carinho que ele me dizia, por como me tratava e fazia eu me sentir única ou pelo fato de ele nunca me julgar pelo que eu sou e pelos meus atos. Ele era bom para mim. Foi por isso que eu me apaixonei por ele.

Respirei fundo deitada na cama, o cheiro dele vívido em meus pensamentos. Abri meus olhos e dei uma olhada geral no meu quarto. Imaginei-o em todos os lugares que ele havia tocado. Como um fantasma, a memória que eu tinha dele aproximou-se de mim, encostou a boca em meus ouvidos e sussurrou “estou com saudade”. Virei-me para ela e, boca com boca, fechando outra vez os olhos, sussurrei “volta”.

Quando os abri novamente, era tarde demais. O fantasma de sua memória já tinha ido embora. Não me restava nem a lembrança, aos poucos tudo ia desaparecendo da minha mente. Estava tudo no passado. Nada voltaria. Não iria mais sentir seu cheiro, não iria mais abraçá-lo, não iria mais ver seu sorriso e nem olhar nos seus olhos como se eles me transportassem para uma outra realidade. Eu não iria mais estar com ele, não iria escutar mais sua voz. Seu corpo não iria mais se apertar contra o meu e eu não iria mais ouvir suas palavras gentis ou os apelidos genéricos pelos quais ele me chamava. Não iria mais escutar sua respiração pelo telefone e minhas mãos não tocariam mais seu rosto. Tudo não passava de momentos que agora pertenciam ao meu passado, apenas meu.

17 de abr. de 2015

Raul estava certo, somos metamorfoses ambulantes

Hoje o meu texto não será um conto. Às vezes também gosto de sentar e refletir sobre algumas coisa. Não que eu seja uma máquina de reflexão e nem que os meus pensamentos façam sentido, mas gosto de pensar. Penso o tempo todo e algumas coisas eu tenho vontade de compartilhar, até porque alguns pensamentos valem a pena serem expostos para que cada um dê a sua opinião.

Semana passada assisti a um pedaço do filme “Tropa de Elite”. Filme de grande sucesso dentro e fora do Brasil. Eu já tinha assistido ao filme inúmeras vezes, mas nenhuma delas me chocou tanto quanto desta última. Acho que isso é devido ao meu amadurecimento, ao meu conceito perante à sociedade, às coisas que eu passei a acreditar, ao que aprendi e desaprendi desde o lançamento do filme. Acredito no que Raul disse, somos metamorfoses ambulantes, estamos sempre mudando nossos pensamentos, nossas crenças. O filme continua sendo ótimo, mas a minha visão diante dele foi completamente diferente da visão que eu tive ao assistir pela primeira vez em 2007.

Claro, eu tinha acabado de sair da escola, conhecia nada do mundo, não tinha tantas experiências e nem minha moral e nem meus ideais tinham sido de certa forma construídos. Na época apenas pensei que era uma ótima produção – e isso ainda não posso negar –, mas não havia me importado com a mensagem do filme. Talvez por eu não ter muita vivência – e não que hoje eu tenha tanta – relacionada ao assunto abordado pelo filme. Entretanto, hoje tenho minha visão e minha opinião formada sobre essa questão.

Passaram-se oito anos. Não foram trinta. É interessante como mudamos de opinião em um espaço curto de tempo dependendo do rumo que a sua vida toma. Ainda acho “Tropa de Elite” um filme merecedor de muitos prêmios, mas hoje vejo o “saco” de uma maneira muito mais perturbadora do que há oito anos atrás.

Seguindo essa ideia, resolvi olhar o meu Fotolog, criado há anos atrás quando eu ainda era uma adolescente. Notei que algumas ideias minhas vão continuar as mesmas, não importa o tempo que passe, afinal, sempre temos nossas convicções sobre determinados assuntos. Alguns são inatos a nós e estão cravejados em nossos pensamentos. Mas o tempo passa, nós amadurecemos, seguimos caminhos que não pensamos que seguiríamos, conhecemos novas pessoas, estudamos novas coisas, passamos por novas experiências e a maioria das coisas as quais acreditamos mudam.

Em 13 de maio de 2008, quase sete anos atrás, eu participei de uma brincadeira que consistia em responder uma série de respostas sobre nós, sobre nossos gostos. Assim, surgiu uma ideia: comparar a Catarina de 19 anos, com a Catarina de 26. Achei que tanto a ideia quanto o resultado foram interessante.


Colunas1 Colunas2
Catarina Bollos, 19 anos, estudante de Letras da PUC-SP (1º ano)  Catarina Bollos, 26 anos, tradutora e blogueira
8 coisas sobre mim: 8 coisas sobre mim:
1-Eu amo Nirvana 1- Eu amo Nirvana
2-Amo Nx Zero 2 - Sou nervosa, ansiosa, envergonhada e teimosa. 
3-sou idota 3 - Tenho pânico de muita coisa. Mas já aprendi a superar a maioria
4-tenho surtos emos 4 - Sou cheia de manias 
5-tenho saudades 5- Eu amo escrever, escrever é minha vida
6-adoro socar o Anderson 6- Completamente alérgica a tudo
7-geminiana inconstante 7- Geminiana bipolar
8-de coração estraçalhado 8- Não acredito no amor
1. Nome:  Catarina Catarina Bollos
2. Que dia é hoje:  segundo todo mundo, 13 de maio  16/04/2015
3. Que horas são:  17:20 11:00 PM
4.Quantidade de velas no seu último bolo de aniversário: 2 Uma
5. Furos nas orelhas:  4... dois de cada lado 6
6. Tatuagens: minha mãe não deixa 5 – punhos, braço, perna, pé e nuca
7. Piercings: quem sabe um dia 3 – nariz e orelha
8. Já foi a África?: Clarooo.. todo dia! Não
9. Já ficou bêbado?: Hum.. qual foi a pergunta mesmo? Inúmeras vezes, mas hoje sou mais controlada
10. Já chorou por alguém?: todo dia o__O Já, sempre pela mesma pessoa. Mas aprendi que chorar por homem não vale a pena, então choro apenas por aqueles que já se foram e ainda me amavam
11. Já esteve envolvido em algum acidente de carro?  Não que eu me lembre Sim, bati o carro na garagem
12. Música preferida? Come as you are - Nirvana; Um pouco mais - Nx Zero  Come as you are – Nirvana
13. Cerveja ou Champagne? cerrveeeeejaaaa =9  Cerveja, por favor né. E de preferência importada, nada de cerveja brasileira
14. Metade,cheio ou vazio? Metade Vazio, porque significa que já bebi tudo
15. Lençóis de cama lisos ou estampados? faz diferença?  Estampados
16. Filme preferido?  Peter Pan *-*  Peter Pan e De Repente 30
17. Flores?  Não brigada  Não, obrigada.
18. Coca-cola simples ou com gelo? Fanta, por favor  Simples
19. Quem dos teus amigos vive mais longe? Cipriano =\   Larissa, Ornella e Nicole, todas muito próximas
20. Melhor amigo(a)?  minha mãe  Minha mãe
21. Quantas vezes você deixa tocar o telefone antes de atender?  de casa tres, do celular nao atendo.. UIAHSIUahsiuhaSIUH   O tempo que der tempo de correr até ele. No celular, nunca atendo, sempre cai na caixa. Mas experimenta me mandar whatsapp pra ver como eu sou rápida
22. Qual a figura do seu mouse pad? parece muito com a mesa do computador ¬¬'  Não tenho mouse
23. CD preferido?  The best of the box – Nirvana  Não tenho CD preferido
24. Mulher Bonita?  Eu!  Jennifer Aniston
25. Homem Bonito?  Ele!  MARK RUFFALO
26. Pior sentimento do mundo? Amor  Egoísmo
27. Melhor sentimento do mundo:?  Amor  Altruísmo
28. O que uma pessoa não pode ser para ficar com vc? Fútil, idiota e chato  Fútil, idiota, chato, exibido, egoísta
29. Qual o primeiro pensamento ao acordar? . porra de despertador!!!  Ai, quero dormir mais.
30. Se pudesse ser outra pessoa, quem seria? Minha mãe   Minha mãe.
31. Algo q vc nunca tiraria de vc? nada! tiraria tudo  Minha vida
32. O que é q vc tem debaixo da cama? Uma outra cama  Um colchão
33. Uma frase:  "whatever people say I'm, that's what I'm not"  “And I tell to myself a moon will rise from my darkness”
34. Qual o livro vc está lendo? Aquele lá que eu tinha que ter devolvido na biblioteca hoje  Histórias de Catarina de Remy Valduga
35. Uma saudade?   do meu irmão Do meu irmão, dos meus avós, das minhas tias.
36. Uma característica?  Idiota Idiota
Algumas respostas permaneceram as mesmas, pois por mais que mudemos, há aquilo que nunca deixamos de acreditar. Minha vida está completamente diferente de quando eu respondi a este questionário, eu sou uma pessoa completamente diferente, e ainda assim algumas coisas não mudaram. Mas graças a Deus eu evoluí e hoje vejo a vida de uma forma diferente, vejo que ela vale a pena e que tenho muito pelo o que lutar ainda, mas já alcancei muito mais do que eu poderia imaginar que alcançaria. Em 2008 acreditava que não estaria mais viva, e cá estou hoje, agradecendo por estar e valorizando tudo o que eu tenho. Minha essência ainda é a mesma de quando tinha 19 anos, mas graças aos meus amigos, à sociedade, às minhas experiências, à minha família e a tudo o que eu passei, hoje sou uma pessoa com uma concepção de mundo mais feliz. Não mudamos apenas nossos pensamentos relacionados aos outros ou a ideias do mundo, mudamos nossas ideias quanto a nós mesmos. “Tropa de Elite” me fez ver que o amadurecimento muda nossa visão do mundo, mas esse questionário me fez ver como eu mudei minha visão de mim mesma. Sejam sempre essa metamorfose ambulante, não tenham sempre a mesma velha opinião formada sobre tudo. Mantenham suas essências, mas mudem suas visões, mudem sempre, e que seja sempre para melhor.

Ps: Gente, minhas tabelas ficaram lindas no Excel, mas não consigo colocar elas bonitinhas aqui no blog, me perdoem. hehehe

13 de abr. de 2015

Eu, ele e o Sabbath

Não vou mentir, não foi à primeira vista. Foi daqueles que você deseja que esteja errada e realmente está. Melhor dizer que foi ao primeiro toque, quando você mal me conhecia e já segurou na minha mão ou quando me pegou pela cintura. Dá para dizer também que foi ao primeiro sorriso... seu. E depois o meu, quando você me fez rir de uma piada boba. E se eu disser que foi à primeira escolha? Mesmos gostos, mesmos sons, mesmas séries, mesmas frases decoradas daquele filme perfeito que eu e você gostamos. Ou será que foi pelo seu cheiro? Aquele que ficou grudado em mim e eu não queria que saísse nunca mais.

Acho que na verdade foi pela sua espontaneidade e pelo seu carinho, suas palavras sussurradas na minha boca, seu cuidado comigo, seu olhar de Charlie. E então no fundo tocava Sabbath. E era esse o tema perfeito, porque aí eu já estava apaixonada por você. Antes mesmo dos seus lábios tocarem os meus, meu coração já tinha entrado em estado de querer você. E tudo desapareceu. Era só eu, você e o Sabbath. Bem ali, no meio de um meio de um monte de gente, eu entendi que pela primeira vez estava recebendo algo muito maior do que eu achava que merecia. E foi nessa hora que eu percebi que era paixão a todas as vistas.

31 de mar. de 2015

Desculpe, pessoal

Olá, queridos leitores.

Gostaria de pedir desculpas pela minha ausência. Tive um pequeno probleminha com o meu computador (desses que você tem que trocar o HD e seu precioso notebook acaba ficando dias longe de você). Mas deu tudo certo, a operação foi um sucesso e ele finalmente voltou do conserto. Cuidaram bem do meu filho, ele voltou até limpinho, removeram todos os farelos de bolacha do meio das teclas e gotas de água (?) da tela. Está novinho.

Por causa deste imprevisto, acabei ficando sem atualizar o blog - não gosto muito de utilizar o computador dos outros, é algo tão pessoal, não é? Voltei, então, para o velho método de escrita: papel e caneta. Agora preciso digitar e trazer novas histórias para vocês.

Agradeço muito a todos que continuaram entrando e lendo minhas histórias. Obrigada pelo carinho dos amigos, parentes e leitores que continuam acreditando em mim.

Um grande abraço a todos e aguardem novidades.

11 de mar. de 2015

Pela Janela

Pela fresta da janela, Sarah observava nervosa quem passava pela rua. Estava ali já fazia quase meia hora. Sentada em uma cadeira com as pernas bambas, sua ansiedade era tamanha que não conseguia fazer nada exceto aguardar ali. Com os braços apoiados no parapeito da janela fechada, e a cabeça apoiada nos braços, sentiu-se, aos poucos, tentada a adormecer. Mas a garota sabia que não podia, precisava ficar atenta a cada passo dado do lado de fora da janela. Contudo, o aroma que exalava da madeira da janela fez com que, lentamente, Sarah fechasse os olhos e começasse a sonhar com lindas flores campestres de perfume amadeirado.

Assustada, Sarah acordou de repente. Seu coração batia a toda velocidade. Sua respiração ofegava e ela sentia a cabeça latejar. Ouvira um barulho, sabia disso. Só não sabia de onde vinha. Então novamente pode-se ouvir o barulho, dessa vez percebeu que ele ecoava na casa vazia. Mais uma vez o barulho, e a garota entendeu que era provocado pelo estalar da janela. Caiu, então, na gargalhada. Ria de si mesma, ria do barulho engraçado que a janela fazia e ria do susto que a janela tinha provocado nela.

Ajeitou-se na cadeira e continuou a espiar pelo único vão da janela. Sabia que dali ela poderia ver muita coisa mas ninguém poderia vê-la. Olhava impaciente a rua, as pessoas, os carros, os casais, as senhoras com compras, os cachorros e os gatos, e uma infinidade de coisas que passavam por ali. Reparava em cada detalhe, em cada movimento, ficando cada vez mais inquieta na cadeira.

Um vento forte entrou pela fresta e fez com que seus cabelos, recentemente lavados e penteados, se bagunçassem. Sem sair da cadeira, a garota puxou a parte de vidro da janela para perto de si e viu seu rosto refletido nela. A pele branca brilhava com intensidade no reflexo; os olhos pretos como jabuticabas pareciam atravessar o vidro; os cabelos, agora bagunçados, pretos e cheio de ondas, aparentavam estar em constante movimento. Ainda contemplando seu reflexo, passou os dedos pelos cabelos para deixá-los como estavam antes. Estava linda. Apesar da espera, valia a pena ter se arrumado.

Olhou novamente pelo vão da parte de madeira da janela, ainda tinha esperanças. Tinha se passado um pouco mais de uma hora, mas o sorriso permanecia em seu rosto. Então, apertando os olhos, Sarah notou uma silhueta vindo na rua. Continuava a olhar pela janela, mas levantou-se com tanta pressa que não percebeu a cadeira em que estava sentada cair. Seu coração parecia estar querendo sair de seu peito, suas pernas estavam prestes a deixá-la desabar no chão frio, suas mãos tremiam de modo que não conseguia sequer segurar-se na janela. A silhueta aproximava-se cada vez mais. Se sua respiração não estivesse tão profunda, poderia ouvir os passos da pessoa que caminhava em sua direção. Sua perna dobrou e com as mãos frouxas agarrou-se no parapeito.

A silhueta sumira, mas o sorriso em seu rosto mostrava-se cada vez maior, tinha seus dentes à mostra. Os olhos de Sarah brilhavam, estava demasiadamente empolgada. Ouvi-se um barulho metálico de fora e então, fazendo Sarah pular, a porta ao lado da janela se abriu e por ela a garota viu entrar um homem alto e forte, carregando nas mãos uma mala. O homem ajoelhou-se e abriu os braços, uma luz e um barulho indicavam de, de algum modo, a janela tinha sido aberta. No mesmo instante, Sarah, chorando de felicidade, correu ao encontro dos braços do pai.

9 de mar. de 2015

Apenas mais uma madrugada

A noite caíra horas antes e agora se adentrava na madrugada tão completamente que os barulhos da selva de pedra já se assemelhavam ao vazio celestial. Mariana ainda estava acordada e não percebera as horas passando. Estava enfiada em mais um livro, entretanto, não podia dizer que tinha entendido as últimas trintas folhas que seus olhos tinham lido. Ao contrário do silêncio do lado de fora da janela de seu quarto, sua mente borbulhava de pensamentos, de conversas consigo mesma, de discussões futuras que estavam engasgadas com pessoas variadas e de reflexões sobre o mundo, sobre sua vida e sobre a sua morte.

Não que sua vida não valesse a pena, mas por vezes não entendia o motivo de ainda estar viva. Se ela simplesmente sumisse, alguém sentiria sua falta? Quantas pessoas chorariam sua morte? E quantas diriam que foi melhor assim? Quanto tempo demorariam até encontrarem seu corpo? Morava sozinha, provavelmente iria demorar até alguém do trabalho notar que não apareceu por não estar doente; ou até seus amigos perceberem que ela não os procura há alguns dias; e seus pais, que moram em outra cidade, notariam que não ligou, como faz toda quarta-feira?

Jogou o livro de lado, suas mãos estavam cansadas. Era um Gabriel García Márquez, merecia mais atenção do que podia proporcionar. Sentira seus olhos tremerem e uma lágrima lhe escorreu pelo rosto. Àquela altura não sabia mais julgar se era sono ou reflexo de seus pensamentos. Deixou cair até o queixo e então enxugou-a com o dorso da mão. Outras vieram, e, talvez por cansaço, se entregou ao choro. Não tinha tanta certeza do porquê chorava, não tinha vontade de morrer, mas senti-se sozinha e a solidão, ah, a solidão, era o problema: a solidão fazia com que desejasse, mais do que todas as coisas do mundo, a morte. Seu rosto se afundou no travesseiro e dormiu, sem saber até que momento manteve sua cabeça ocupada com tais pensamentos.

Algumas horas depois, o rádio-relógio ao lado da cama despertou-a com o soar estridente ecoando pelas paredes do minúsculo quarto. Teve a sensação de que bebera a noite inteira; sua cabeça doía, seus olhos lacrimejavam e não conseguia colocar-se de pé. Não se esforçou a fazê-lo. Apoiou as mãos trêmulas na cama e sentou o corpo dolorido, como de costume ao acordar. Seu maxilar parecia fora do lugar e mal podia abrir a boca, seca e com pequenas rachaduras recentes, sedenta por água. Tentou abrir os olhos, mas a luz que entrava pela fresta da janela e iluminava todo o espaço a impediu. Tapou-os com uma das mãos, enquanto buscava com a outra o copo no criado-mudo ao lado, mas seu descuido fez com que esbarrasse a mão e derrubasse o copo sobre o tapete de crochê novo que sua mãe havia trazido da última vez que a visitara. Ainda tentava lembrar da madrugada anterior, como acabara finalmente dormindo depois de tanto chorar e dos pensamentos, que agora lhe soavam horríveis. Pôs-se a chorar de novo, dessa vez, por culpa. Tinha uma vida maravilhosa, como poderia desejar morrer? Como poderia pensar que estava sozinha? Tinha amigos com quem saía com frequência, amigos que sabia poder contar em qualquer momento, seu melhor amigo, que fazia questão de passar todo dia em sua casa para fazer companhia durante o jantar, e ainda tinha um tesouro na casa de seus pais, sua irmã mais nova, a razão do seu viver. Como poderia pensar em morrer e abandoná-la?

Deu-se conta, então, de que estava na hora de colocar suas desculpas em uma carta.



**Este post teve a colaboração da blogueira Larissa Lafleur, correspondente internacional do Criadiva Fashion Blog.**

6 de mar. de 2015

Promessas (Última Parte)

Uma coisa sempre deixei clara a qualquer homem com o qual eu me relacionei. Deixei clara para o meu noivo. Deixei clara para ele. Muitas coisas nos deixam triste, nos magoam, nos fazem querer desistir. Mas só existe uma que realmente desaponta: a quebra de uma promessa. Constantemente costumamos dizer que iremos fazer algo por alguém e, por qualquer motivo, deixamos de fazer. Isso magoa. Mas não fere. Quando olhamos no fundo dos olhos de um outro alguém e prometemos algo, qualquer mísera coisa que seja, esperamos que isto seja sério, como um pacto. E quando há a quebra dessa promessa, ficamos devastados. Pior do que isso, ficamos desapontados.

Tudo o que o ser humano procura é a aprovação de alguém. Seja de um pai, um amigo, um professor ou dele mesmo. Todos precisam dessa aprovação, pois nos sentimos motivados por ela. Inúmeras são as histórias de depressão, suicídio e assassinato em razão de nunca terem recebido – ou achado que não – a aprovação desejada. O desapontamento caminha junto com a desaprovação. E quando você se desaponta com alguém por ela ter quebrado uma promessa, você se desaponta consigo mesmo por acreditar que aquela pessoa pudesse manter a promessa da mesma maneira que você conseguiu.

Quando meu noivo resolveu buscar seus objetivos, seguir uma nova carreira e achar uma pessoa a quem ele realmente merecesse, fiquei desapontada comigo mesma, pois tinha feito uma promessa para mim de que conseguiria amar e manter com ele uma relação. Prometi a mim que seria capaz de querer estar com ele. Prometi que me esforçaria para tentar construir com ele uma família, bem como uma felicidade verdadeira. Não consegui manter minha promessa e ele se foi para sempre.

Fiquei devastada por ter perdido alguém com quem eu tinha passado tanto tempo junta e feito tantos planos. Fiquei desapontada por não ser boa o bastante para ele. E mais uma vez me encontrei chorando no colo daquele que sempre esteve lá por mim. Não importava quantas vezes eu o tinha ignorado para estar com o outro, ou quantas vezes eu tive que simplesmente cumprimentá-lo com um aceno de cabeça. Depois de me ver com outro, depois de me ver planejar um futuro com outro, ainda assim ele me acolheu em seus braços, como sempre o fizera.

E ali, deitada na cama dele, minhas lágrimas molhavam seu peito onde eu encostei minha cabeça. Estava mais uma vez protegida. Não queria estar em nenhum outro lugar. Só queria que ele continuasse me abraçando e fazendo o meu mundo seguro. Era confortante estar ali, de onde parecia que eu nunca tinha saído. Nossos corações batiam no mesmo ritmo. Nossas respirações seguiam a mesma harmonia. Nossos corpos estavam em um compasso perfeito. Ainda éramos um só. Então, com o dedo no meu queixo, levantou o meu rosto encharcado de lágrimas, me beijou e completou a melodia.




Aquele foi nosso último beijo. Não porque não nos amássemos. Tampouco porque encontramos outras pessoas. Mas porque, depois de tantos anos e tantos momentos, nos desapontamos. Quebramos nossa promessa. Nos desentendemos, brigamos, dissemos coisas que nunca tínhamos falado um para o outro. A verdade é que não importa os seus desejos, se o seu destino quer outra coisa. Éramos uma alma só, mas não estávamos destinados a ficar juntos nessa vida. Sempre soubemos disso. Por mais que tivéssemos tentado evitar que nosso fim chegasse, o destino dá sempre seu jeito.

Por mais que quiséssemos ficar juntos, por mais que tivéssemos prometido nunca mais brigarmos, nós sempre iríamos ter um passado e ele nunca ia se esquecer de como eu o abandonei enquanto tentava esquecê-lo. O que ele nunca soube é que eu fiz tudo isso para evitar um final que eu já sabia. Fugi dele enquanto ainda nos amávamos, enquanto ainda não tínhamos quebrado nossa promessa. Fugi porque sabia que nosso amor era eterno, mas que não era para acontecer. Eu nunca deixei de amá-lo, nem nunca vou deixar, mas somos uma alma só procurando vidas diferentes. E seja nessa vida ou em outra, enquanto nossos objetivos não forem os mesmos, continuaremos nos encontrando, nos fazendo promessas e nos desapontamos.

3 de mar. de 2015

Promessas (parte 2)

Sendo o mundo feito de amor, seria mais lógico imaginar que quando duas pessoas se amam, elas ficam juntas. Fazem planos futuros. Constroem uma família. E lá no fim, ao mesmo tempo, fecham os olhos para nunca mais acordarem. Era o ideal. Mas não para nós. Nosso amor era tanto que sabíamos que não precisávamos disso. Não precisávamos de convenções sociais para provar nosso amor. Éramos livres para nos amarmos e vivermos nossas vidas separados. Nossa promessa nos mantinha unidos, mas não fazia de nós um casal comum. Tampouco um casal.

Nunca acreditei na ideia de que só se pode amar uma pessoa. Estávamos convictos de que éramos capazes de sentir desejo e amor por quem quer que fosse que aparecesse no nosso caminho. Mas uma coisa sempre seria certa: Não importa em quantos amores você tropeçar na sua jornada, o importante é o amor que te espera no final dela – aquele amor que te acompanhou por todo o caminho. Aquele que viu você se afogar no abraço de outro, mas ainda assim esteve ali para você quando você foi empurrado para fora. Aquele que já viu você passar por inúmeros desamores. Aquele, que quando tudo deu errado, estava ali para mostrar que era seu certo.

Era isso que ele era para mim. O certo. O homem que segurou minha mão tão firme que eu sabia que o chão poderia sumir de debaixo dos nossos pés que eu não teria medo de cair. Nesse momento eu soube que eu nunca mais iria confiar tanto em alguém. Naquele momento eu soube que ele era o único homem capaz de me fazer me sentir segura e protegida. E por medo dessa segurança, eu fugi.

Corri para os braços de outro. Fingi uma segurança que eu não tinha. Forjei um amor. Me forcei a aceitar uma felicidade que não existia. Prometi um amor eterno que não lhe pertencia. E em todos os beijos via uma imagem que não era a sua. Não tinha mais a liberdade que eu ansiava. Não tinha mais aquele carinho puro. Mas existia respeito. E era o respeito que me impedia de voltar atrás no meu grande erro. Foi por esse respeito que eu mais uma vez perdi o meu amor de tantas outras vidas.

Porém, quem inventou essa história de que podemos sim ter mais de um amor em nossas vidas, estava perdidamente enganado. Quando você ama alguém, você não consegue amar uma outra pessoa. Não importa o quanto você tente. Nada nunca pode substituir aquela pessoa pela qual o seu coração dispara quando vê. Aquela pessoa que te faz sentir melhor só com um abraço. Aquela pessoa que o sorriso te dá ânimo para enfrentar a dureza do dia a dia. Aquela pessoa com a qual você sonha e acorda desejando que tenha sido real. Nada pode substituir o verdadeiro amor.

Mesmo noiva de outro, ele continuava sendo meu melhor amigo. Esteve sempre ao meu lado. Sempre segurando a minha mão. Era nele que eu pensava quando ia dormir e era nele que eu estava pensando quando acordava ao lado de outro homem a que eu tinha prometido amar para sempre. Nunca disfarcei. Nunca escondi meu amor por ele de ninguém. Nem mesmo de meu noivo. Entretanto, eu me forçava a acreditar que nós não podíamos ficar juntos. Me forçava insistentemente a acreditar que era meu noivo o homem com quem eu queria passar todos os dias da minha vida, com que eu queria fazer planos para o futuro, com quem eu queria construir minha família, com quem, no fim, eu fecharia os olhos para sempre.

Pior do que ser enganado por alguém, é ser enganado por você mesmo. Você mente para si mesmo esperando o melhor, mas, ao final, percebe que trouxe para sua vida a infelicidade e o desespero constante de tornar tudo aquilo verdade. Você se destrói. Uma destruição consciente. E você é a única pessoa que pode te resgatar. A mentira dos outros tem perdão. É esquecida. Mas a mentira para si mesmo impregna na alma.

2 de mar. de 2015

Promessas

Deitados no tapete da sala, de barrigas para cima e nossas mãos entrelaçadas como se o mundo fosse acabar naquele momento, desviamos os olhares fixos do teto para olharmos um no fundo da alma do outro e prometer que nunca mais brigaríamos. Aquela seria nossa última briga. Nada iria nos separar a partir daquele momento. Nada nem ninguém poderia nos afastar, independente de sermos amigos, amantes, namorados, melhores amigos ou apaixonados. A partir daquele momento, nos apoiaríamos sempre naquele promessa.

Foi o que repetimos inúmeras vezes em nossas mentes cada vez que algo nos entristecia ou nos fazia perder a cabeça. Mantínhamos nossa promessa por qualquer que fosse o motivo. Enfrentamos momentos de raiva e ciúmes calados, mas nunca nos arrependemos. Nada era o bastante para nos separar, tudo era apenas frivolidade. Todos nós temos de abrir mão de algumas coisas durante qualquer relacionamento. E nós decidimos abrir mão das brigas.

Uma vez eu li uma história em que uma jovem pergunta para uma um casal de idosos, casados há mais de 60 anos, como eles faziam para estarem juntos há tanto tempo; a senhora, então, responde que na época deles, quando algo quebrava, eles eram ensinados a consertar e não a jogar fora. E foi isso que nós dois fizemos durante muito tempo. Cada vez que algo dava errado, não desistíamos. Nós tentávamos entender o porquê . Consertávamos. Seguíamos em frente. Essa foi nossa teoria e prática por alguns longos anos. Anos suficientes para fazer com que o amor que existia dentro de cada um de nós apenas aumentasse, pois, pela primeira vez na história do nosso relacionamento, estávamos sendo realmente honestos e felizes. Entendíamos pelo o que valia a pena sentar e discutir. E também pelo o que não valia uma noite sem sono. Nunca tínhamos sido tão parceiros. Tão amigos. Tão confidentes. Estava tudo perfeito. Exceto pelo fato de que o amor mútuo entre nós não nos tornava amantes.