3 de mai. de 2016

Inverno

Cada noite que minha pele toca os lençóis gelados da cama, meu corpo estremece. Quem dera fosse de frio e não de saudade. Fico esperando suas coxas tocarem a minha e seu braço me buscar para me trazer próxima a você. 

É que esse frio me faz lembrar de você, me traz memórias recentes do nosso último inverno. Sua boca tocando a minha nuca e nossos cabelos se emaranhando no travesseiro. Que saudade daquele tempo em que frio era a última coisa que eu sentia no quarto de janelas congeladas.

Todas as vezes que o vento carregado de lembranças entra por debaixo da porta e me toca, desejo que seja o sopro da sua respiração em meus ouvidos. Consigo escutar ele me pedindo para ficar e então ele se congela. Tudo se congela nesse frio. Menos o nosso tempo. 

O vento gélido estagna no meu quarto, vazio, e mais uma vez estremeço. De saudade, de frio, de arrependimento.

E não adianta quantos cobertores eu decida colocar em cima de mim. Nada será como o calor do seu corpo ou como o aconchego dos seus braços. Assim como travesseiro nenhum será mais macio e confortável do que seu peito. Nenhum irá me embalar com as músicas das batidas do seu coração.

Naquele inverno, não houve frio. Pelo menos não para nós. Hoje, não sei mais se o frio que sinto é do novo inverno que se aproxima ou se vem da frieza com a qual você me trata e do gelo das suas palavras.

A única certeza que tenho é de que nosso último inverno ficou distante. Tão distante quanto nós.