27 de jun. de 2011

Nada além das nuvens

Crianças sempre te dizem coisas que te faz pensar e que ajudam seguir caminhos, muitas vezes mais esperto que muito desses pensadores por ai.
Hoje, escutando minha aluna de apenas 9 anos, coloquei em pauta muitas coisas que eu já vinha descrendo e que agora me faz cada vez menos sentido.
Olhe para o céu, o que você vê? O que vem depois das nuvens senão a imensidão do universo, cheio de outros astros e nada mais. Como ela me disse, eu já estive acima das nuvens, e não encontrei nada lá. Como pode, então, haver algo além de matéria física, algo que dizem ser maior que tudo, se quando atravessei os céus, eu só pude ver o branco das nuvens misturado com o azul do céu e nada mais? E se eu voasse para além das nuvens, eu veria mais do que minúsculas estrelas a milhões de anos luz de mim e pequenos grãos de poeira cósmica?
Se cada vez que eu teimo comigo que há muito mais nesse espaço do que podemos ver, vem uma certeza de que nada olha por nós, como poderia minha aluna estar errada sobre isso? A evolução fomos nós mesmo que fizemos, não existiu Adão e nem Eva e se as pessoas podiam O ouvir antigamente, por que hoje não ouvimos? A perda da crença de uma criança colocou me fez repensar a minha, que já há tempos se perdia. Se tudo indica o contrário, como poderei lutar contra isso?
Há tempos venho buscando forças e me apoiando em uma ideia que eu tinha, mas que hoje me faltam respostas e sopros para continuar me suportando. Se mesmo uma criança já perdeu a inocência nas coisas que dizem a respeito a isso, mesmo ouvindo palavras confortadoras, porque deveria eu continuar acreditando? Tentei, tentei por anos acreditar. Acreditei, pedi, implorei por graças, orei inúmeras vezes para um ouvido que nunca me escutou.

E se tudo isso for pra provar meu amor? Então de fato não o merece, porque nem o mais duro dos seres humanos faria isso.
E se isso vai fazê-Lo deixar de me amar? Então Ele não é mesmo quem eu queria acreditar que existisse, porque nada tão divino abandonaria um ser humano no auge da sua procura por respostas, das suas dúvidas, da perda da sua crença.
O olhar da minha aluna, triste por não conseguir acreditar em algo que para muitos é essencial, mudou o meu olhar, mesmo ainda querendo ficar cega quanto a isso.
Nesse momento, não sei mais no que acredito. Uma hora, peço para que olhe por quem amo, outrora me questiono sobre o porquê do meu pedido não ter sido atendido.
Muitos dizem: ele não abandonou vocês, ele só está testando, passar por coisas difíceis é só um modo dele ajudar.
Ou então: as pessoas só passam por coisas que merecem, se ela está recebendo isso, é porque alguma coisa ruim ela fez.
Pois eu digo que se tudo isso fosse mesmo verdade, pessoas boas não precisariam passar por tantas coisas ruins. E aqui, não me refiro a mim, e sim a inúmeras pessoas que eu vejo tendo de enfrentar tantos problemas, mesmo depois de ter passado uma vida cheia de humildade e sempre fazendo boa ações.
Já não sei mais o que acredito. Ainda me resta um pingo de fézinha, a qual não sei por quanto tempo ainda dura. Não sei se desacreditar seria certo, porque, apesar de tudo, muitas vezes o fato de acreditar é a única coisa que me dá força para continuar seguindo.Só sei que, às vezes, uma criança pode ser muito mais esperta que 5 milhões de adultos juntos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário